Novos atrasos no horizonte?
(Mineirão foi uma das primeiras arenas prontas para o Mundial a serem testadas)
Fora das quatro linhas, intervenções de mobilidade, como o Monotrilho de São Paulo, o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) de Cuiabá e aeroportos, também correm o risco de ficar para depois do torneio.
A 200 dias do apito inicial, os holofotes se voltam para o sorteio de grupos, em 6 de dezembro, na Costa do Sauipe (Bahia). A definição dos jogos possibilitará a escolha dos centros de treinamento (CTs) onde cada uma das 32 seleções vai se preparar. Com três das sete opções em Minas, BH também saiu na frente nesse quesito: as federações de Argentina e Chile foram as primeiras a acenar a escolha de um local de preparação, na Cidade do Galo e na Toca da Raposa II, respectivamente. Goiânia, Maceió e Vitória, que não são sedes, também têm sido constantemente visitadas, o que indica chance de receber seleções.
Em nota, o Ministério do Esporte disse confiar no cumprimento dos prazos. “Os 12 aeroportos funcionarão sem nenhuma restrição. O governo trabalha em conjunto com prefeituras e estados para assegurar o mesmo êxito durante a Copa’2014”, declarou o órgão.
Cinco perguntas para Ricardo Trade, diretor-executivo do COL
1) O que foi feito e o que falta nestes 200 dias até a Copa’2014?
Fizemos uma bela Copa das Confederações, temos ajustes pela frente, mas já há muitos acertos. O tratamento dos telespectadores, atendimento à mídia, transporte de equipes e convidados da Fifa durante os jogos são exemplos. Precisamos melhorar a fluência dos voluntários em outras línguas. A Fifa busca melhorias na venda de ingressos, antecipando o início da abertura dos centros de vendas (para 15 de abril) e a opção de entrega em casa (mediante taxa de R$ 59). Depois do sorteio dos grupos, em 6 de dezembro, teremos a escolha definitiva dos CTs no fim de janeiro.
2) Belo Horizonte foi a primeira sede com seleções confirmadas para os CTs: Argentina e Chile. Qual a importância disso?
BH é uma cidade no centro do Brasil, tem CTs preparados e que podem se tornar padrão. Com as seleções na cidade, há a certeza da presença de torcedores, movimentando a economia e o turismo. BH também pode ser apontada como segunda opção – entre três – de treinamento informadas à Fifa. Teremos um grande movimento de visitas de seleções às 12 sedes depois do sorteio de grupos.
3) Na Copa das Confederações, o Independência acabou não sendo usado como campo oficial de treinamento. Há risco de isso se repetir no Mundial?
O risco é bem menor. Houve uma mudança no regulamento da Fifa que obriga as seleções a chegar aos locais de jogos com no mínimo 48 horas de antecedência (um dia a mais do que antes), o que também é bom para o movimento nas sedes.
4) Dos seis estádios em obras, quatro aparentam não ficar prontos até dezembro. A Fifa já disse não tolerar novos atrasos. Também há muitas obras de mobilidade atrasadas. Como o COL enxerga isso?
Temos um monitoramento constante e a informação que temos é de que as inaugurações acontecerão em dezembro, com os primeiros jogos (com operários) até o fim de janeiro, testando cobertura, telões, iluminação, campo de jogo, cadeiras, etc. Se isso acontecer estaremos adiantados em relação ao torneio pré-Copa, em que a maioria das arenas foram entregues em maio (Fortaleza e BH foram exceções). A grande maioria das obras de mobilidade estará pronta até abril, uma ou outra terá atraso, ficando para maio. A ampliação do terminal de passageiros do aeroporto de Confins, por exemplo, está programada para abril.
5) E os CTs longe das cidades-sede? São 83 ao todo e apenas 32 seleções participantes...
Algumas cidades podem se valer do investimento expondo seu nome internacionalmente. A escolha é uma prerrogativa de cada país. Temos feito eventos específicos em cidades que não são sedes, como Vitória e Florianópolis. A Copa é do Brasil, temos de parar de pensar que somos só Rio e São Paulo.
